Apesar de o Brasil ter registrado no ano passado a abertura de 2,7 milhões novos negócios, a cada quatro minutos, uma empresa fecha, segundo o Mapa de Empresas do Governo Federal. Isso significa que cerca de 20% a 30% das startups e novos negócios encerram suas atividades ainda no período de fundação, entre dois e três anos. Alguns dos motivos são falta de compreensão em relação ao mercado, falta de planejamento, e ineficiência para gerir um negócio.
No setor da Educação, os dados de negócios da iniciativa privada não são tão exatos, mas a baixa do setor na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), acumulando quedas constantes, aponta que o segmento enfrenta dificuldades estruturais importantes que se refletem em toda a cadeia. Com maior migração digital, muitos negócios precisaram reformular suas estruturas e seus processos pedagógicos, de acordo com analistas do mercado financeiro que acompanham o setor. Isso gerou um aumento de custos, margens mais estreitas e necessidade de corpo docente e discente adaptados à mudança.
Além disso, um importante obstáculo ainda enfrentado pelos pequenos negócios da educação é o acesso ao crédito simplificado, o financiamento e a alta carga tributária. Esses fatores comprometem a estrutura e dificultam a expansão do negócio.
Ter o próprio negócio é o terceiro maior sonho do brasileiro, aponta o relatório da Global Entrepreneurship (GEM) de 2023. A pesquisa ouviu duas mil pessoas com idade entre 18 e 64 anos e esse dado corresponde a 48% dos entrevistados. Mas conforme apontado no documento, na visão dos especialistas em empreendedorismo, alguns pontos de atenção ainda precisam ser considerados como: reduzir a burocracia, ampliar o apoio financeiro, ampliar o investimento em tecnologia/P&D e ampliar o ensino do empreendedorismo nas escolas.
O Mapa de Negócios de Impacto Social e Ambiental, publicado em 2023, aponta que o investimento no setor da educação corresponde a 31% dos negócios de impacto no Brasil. E mesmo diante desse número, muitos empreendedores ainda enfrentam dificuldades para se estruturarem como empresa ou organizar a gestão.
Segundo Sérgio Resende, diretor da Trê Investindo com Causa, organização que estrutura e opera programas para impulsionamento de pequenas e médias empresas de impacto socioambiental, o caminho do êxito nos negócios de educação não são diferentes de outros tipos de atividades.
“Para que o projeto tenha êxito é preciso ter clareza do cenário educacional para reconhecer e definir estratégias para crescer e expandir, garantindo que o modelo de negócios seja escalável. Além disso, é preciso, comunicar-se de forma eficiente, estar aberto à inovação, gerenciar recursos com sabedoria, além de investir no desenvolvimento contínuo da equipe”, comentou.
Em termos gerais, cerca de 90 milhões de pessoas pensam em ter ou já possuem um negócio no Brasil, segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor de 2023. Isso representa 60,6% das pessoas adultas no país. O documento do Sebrae registra ainda que houve um crescimento do empreendedorismo voltado para transformação pessoal e social e 77% dos empreendedores responderam que querem fazer a diferença no mundo.
Educação para o futuro precisa de educação agora
Enquanto o Brasil investiu em 2020 algo em torno de R$ 21,5 mil por estudante (US$ 4.306), os 38 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) investiram, em média, R$ 57,8 mil (US$ 11.560). Os valores são referentes aos investimentos feitos desde o ensino fundamental até a educação superior e não incluem capacitações.
“Se queremos um futuro melhor, precisamos criar formas de apoiar e impulsionar pequenos negócios e organizações que querem aumentar seus potenciais educacionais e indiretamente promover a melhoria das condições sociais e econômicas de milhares de pessoas no país”, afirma Sérgio Resende, diretor da Trê Investindo com Causa.
Os desafios de gestão organizacional, somados à falta de capital adequado, costuma minar o sonho de levar o projeto de educação para mais pessoas. O dia a dia de resolver problemas impede os empreendedores, que são normalmente mais bem preparados em educação do que em gestão, de cuidar da expansão do empreendimento. De uma forma geral os pequenos negócios de educação não conseguem avaliar com precisão seus gargalos operacionais, desenvolver seus profissionais para atividades não educacionais, criar planos estruturados de aperfeiçoamento o e acessar capital adequado para alavancar o crescimento.
Avaliar gargalos operacionais:
À medida que o empreendimento cresce, os processos precisam ganhar forma e eficiência para atender na qualidade, tempo e custos adequados. Mapear os processos críticos e dedicar tempo para aperfeiçoá-los pode parecer missão impossível, quando não se tem conhecimento ou quando estamos tomados pelo dia a dia, mas certamente existe hoje muito conhecimento disponível, inclusive gratuitamente, e o esforço de reservar um tempo para isso traz benefícios no futuro
Desenvolver profissionais para atividades não educacionais:
Para os profissionais de educação, atividades de gestão podem se tornar um peso, mas são fundamentais para o sucesso do empreendimento. À medida que a organização cresce, ou até para que possa expandir, é necessário ter na equipe profissionais especializados. Fazer a gestão de caixa ou da comunicação exige conhecimentos específicos e cada vez mais complexos. Frequentemente não é possível, por questões de orçamento, ter um profissional qualificado, então uma forma cada vez mais usada é a de contratar profissionais 60+ experientes com disposição para atuar por períodos menores de tempo, hoje existem empresas especializadas neste tipo de contrato. Por fim, se estas opções não funcionam ainda no estágio muito inicial, uma alternativa pode ser a de treinar a equipe atual e quebrar o desafio em pequenas atividades, tornando o fardo menos “pesado”.
Criar planos estruturados de desenvolvimento:
O empreendedor geralmente é alguém que gosta de pegar uma ideia e ir fazendo. Esta qualidade é um tesouro e pode ser também um desastre para o crescimento da organização. Criar pontos de parada para avaliação dos resultados das estratégias que foram executadas e refletir com calma sobre novos passos tem um grande valor para o desenvolvimento do negócios, especialmente à medida que novas pessoas vão sendo integradas ao time. Aproveitar um momento de baixa das atividades, por exemplo no começo e no meio do ano, colocando todo o time para avaliar o semestre anterior e pensar junto os próximos passos do semestre seguinte, tem um poder de aumentar muito as chances de sucesso. Existem muitos métodos para fazer este processo e ter um facilitador profissional pode ajudar muito. Mas também é possível encontrar muitas dicas na internet.
Acessar capital adequado para alavancar o crescimento:
Normalmente os negócios surgem com um aporte inicial de capital dos empreendedores, às vezes com empréstimos ou doação de amigos e parentes. Outras vezes este capital aparece “mascarado”, às custas de um período do empreendedor sem fazer nenhuma retirada. O capital aqui é uma das condições fundamentais para que uma ideia vire uma organização. Mas quando se trata de pensar em levar o negócio para outro patamar, dois fenômenos costumam acontecer:
1. o empreendedor identifica a necessidade de capital, mas agora, devido ao montante ser maior, já não é mais possível acessar em seu próprio patrimônio ou de amigos e familiares, daí o acesso tradicional em bancos pode se tornar um grande risco e ele desiste.
2. Outro fenômeno é o de não identificar e diferenciar a necessidade de capital para girar o negócio e o capital para expandir suas atividades. Tanto no primeiro, como no segundo caso vale a pena buscar apoio especializado para avaliar a estrutura de capital do negócio. E, de qualquer forma, será necessário voltar ao item anterior, que é a estruturação de planos de desenvolvimento.
Por fim, existem vários programas de apoio e fomento de negócios de impacto social acontecendo no Brasil, buscando apoiar os pequenos empreendimentos com assessoria técnica e capital, como o Multiplica Educação, que visa apoiar, tanto empresas privadas como organizações da sociedade civil, do setor de educação para as classes C,D e E, atuando desde os cuidados na primeira infância até a formação profissional e qualificação de jovens e adultos para inserção no mercado de trabalho.
Calendário
Prazo das inscrições – 31 de agosto
Formulário disponível em multiplicaeducacao.com.br
Julho a Outubro/2024 – Chamada, seleção e qualificação
Outubro/2024 a Fevereiro/2025 – Preparação do investimento
Março/2025 – Aprovação de crédito
Março/2025 a Fevereiro/2027 – Investimento e acompanhamento (24 meses)
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LUCIANA NUNES DOS SANTOS
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