Uma pesquisa inédita realizada com 2.439 pessoas, em dezembro de 2023, pela SleepUp, startup da Farma Ventures, parte do portfólio do Grupo FCJ, primeira plataforma de terapias digitais para o sono clinicamente validada e aprovada pela Anvisa, apontou que mais de 48,4% dos respondentes roncam, 37,8% não roncam e surpreendentes 13,7% não tinham certeza se roncavam ou não. Apesar do alto número de pessoas que disseram roncar, mais de 86% dos participantes nunca realizaram polissonografia – exame de referência para o diagnóstico de distúrbios do sono.
Ainda 51% deles alegaram não precisar do exame, enquanto 35,2% reconheceram a necessidade de realizá-lo. Entre os motivos para a não realização da polissonografia estão: falta de dinheiro (42%), não saber onde realizar (31%) e falta de tempo (27%). O estudo também observou que somente 39% das pessoas que realizaram o exame não pagaram nada por ele; e o número de testes realizados pelo SUS foi substancialmente baixo, 12,5%.
Muito além do barulho
O ronco pode ser indicativo de problemas de saúde relacionados ao sono. O principal deles é a apneia, distúrbio que leva à interrupção do fluxo de respiração, ou até mesmo à parada completa da respiração por alguns segundos ou minutos. Segundo a ABS (Associação Brasileira do Sono), 33% da população adulta tem apneia do sono, ou seja, 1 em cada 3 pessoas.
A doença prejudica o descanso e causa má qualidade do sono, o que pode desencadear outros problemas de saúde, como aumento de risco cardiovascular, hipertensão, arritmia, insuficiência cardíaca e diabetes. A pesquisa da SleepUp ainda evidenciou esses impactos: 36,3% dos participantes se sentem cansados ou fatigados praticamente todos os dias ao acordar e 26,2% cochilam ou já caíram no sono enquanto dirigiam.
Diagnóstico e tratamento
O levantamento reforça a importância de agir prontamente após o diagnóstico. Depois de realizar a polissonografia, 74,2% dos participantes iniciaram tratamento. Os dados da pesquisa indicam que 48,7% receberam tratamento com CPAP (dispositivo que ajuda a conter as interrupções respiratórias causadas pela apneia), 35,3% usaram aparelho intraoral e 22,9% foram indicados para cirurgia corretiva. Porém, 69% das pessoas que iniciaram o tratamento abortaram em menos de um ano e 34% em menos de um mês.
“O tratamento da apneia é fundamental, pois além de reduzir os sintomas como sonolência excessiva diurna e fragmentação do sono, promove melhora significativa da qualidade de vida e diminui riscos de doenças cardiovasculares. No entanto, a adesão ainda é baixa e as causas são multifatoriais, incluindo desde a gravidade dos sintomas, a percepção do paciente sobre a doença, o gênero, a presença de sintomas depressivos e ansiosos, bem como a associação com outros distúrbios do sono, entre eles a insônia”, explica Ksdy Sousa, psicóloga do sono e parte do time da SleepUp.
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HERIKA MENDES GRACINDO COSTA
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