Mayra Vieira Dias*
O perfil feminino em aplicações financeiras no Brasil ainda é marcado por um conservadorismo maior do que o dos homens. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as mulheres representam apenas 23% do total de investidores no país, e 83% delas investem em produtos de renda fixa, como a poupança. Esses números podem ser explicados por alguns fatores, que também nos ajudam a compreender uma mudança em curso.
Um dos fatores que podem explicar o conservadorismo das mulheres investidoras no Brasil é a falta de conhecimento mais detalhado sobre o mercado financeiro. Como mostra os dados da Anbima, o público feminino ainda forma minoria nesse setor, e muitas delas não têm acesso às informações necessárias para a diversificação de investimentos, muitas, inclusive, sem acesso até mesmo a educação financeira.
Outro fator que influencia o perfil feminino das aplicações financeiras é a preocupação com a segurança do dinheiro. As mulheres, em geral, são mais cuidadosas com o dinheiro e preferem investir em produtos com menor risco. Trata-se de algo bastante compreensível, uma vez que elas costumam ter menos renda do que os homens e, como consequência natural, têm menos margem para arriscar a perder em investimentos de maior volatilidade.
Apesar do conservadorismo observado, também é preciso destacar que, aos poucos, tem havido mudança. Nos últimos anos, podemos dizer que o perfil feminino em aplicações financeiras vem se tornando mais diversificado. O público feminino está sim cada vez mais investindo em produtos de renda variável, como ações e fundos de investimento.
Essa mudança tem acontecido por diversos fatores. Um deles é a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, o que traz mais recursos financeiros a elas, com maior e melhor condição de realizar diferentes aplicações financeiras. Outro impulsionador é, justamente, a maior conscientização sobre a importância do planejamento financeiro. A sonhada independência financeira passa necessariamente pelo planejamento, que vem na carona de maior conhecimento acerca desse universo.
Investir é para todos e, especialmente para o público feminino, a mudança do perfil em aplicações financeiras é bastante positiva. As mulheres estão se tornando mais empoderadas financeiramente e, como resultado natural e merecedor, estão assumindo o controle do próprio futuro.
*Mayra Vieira Dias é advogada sócia do escritório Calazans e Vieira Dias Advogados
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